Certamente que isto é uma grande parte da nossa dignidade... que possamos conhecer e que, através de nós, a matéria possa conhecer-se a si própria; que, começando com protões e electrões, saídos do princípio dos tempos e da vastidão do espaço, possamos começar a entender; que, organizados como estão em nós, o hidrogénio, o carbono, o nitrogénio, o oxigénio, esses 16 a 21 elementos, a água, a luz do Sol- todos eles, tendo-se transformado em nós, possam começar a entender o que são, e como se tornaram nisso. George Wald (Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia) (1964)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A água veio do Espaço

Novas observações astronómicas provam que os cometas transportaram a água para o nosso planeta. Foram ainda revelados dados sobre a formação do sistema solar


OS catálogos astronómicos dizem pouca coisa sobre a estrela TW Hydrae. Revelam apenas que se trata de uma estrela anã cor-de-laranja, que se situa a 175 anos-luz, na constelação de Hidra e que tem no máximo dez milhões de anos. As novas observações realizadas pelo telescópio espacial Herschel, da agência aeroespacial europeia ESA, permitiram no entanto descobrir mais do que isso.
As maiorias das estrelas jovens estão rodeadas por  um disco de gases e poeira. Estes começam depois a aglomerar-se com a força da gravidade e acabam por formar planetas. A estrela TW Hydrae também se encontra em fase de "casulo". O seu disco estelar vai até 200 unidades astronómicas (1 UA corresponde à distância entre o Sol e a Terra, cerca de 150 milhões de quilómetros). No limite desse disco, o Herschel detectou a assinatura de luz infravermelha de vapor de água. Os cientistas já tinham detectado água em outros sistemas solares, mas esta encontrava-se sempre em zonas mais interiores e relativamente mais quentes e perto da estrela. Agora, esta é a primeira vez que a água é detectada no limite externo de um sistema solar. É nesta região que se formam os cometas, compostos maioritariamente por gelo.
Os dados do telescópio Herschel fundamentam assim a teoria de que a água chegou à Terra devido ao impacto de cometas com o nosso planeta, durante a formação do nosso sistema solar. "A nossa observação desse vapor de água gelada demonstra que o material existe lá em quantidade suficiente para encher milhares de oceanos terrestres", explica o astrónomo Michiel Hogerheijde, do observatório da cidade holandesa de Leiden, que descobriu o anel de água em volta de TW Hydrae.
Através deste processo, é possível que existam planetas aquáticos, como a Terra, por todo o Universo. Esta teoria é apoiada por uma série de outros dados revelados pelo telescópio espacial de infravermelhos Spitzer, da NASA, ao estudar a estrela Eta Corvi, a 60 anos-luz da Terra. Ela encontra-se na constelação do Corvo, pode ser vista a olho nu, tem mais massa do que o nosso Sol e tem cerca de mil milhões de anos.
No sistema de Eta Corvi encontraram-se nuvens de pó de formato incomum, comparáveis à formação química dos cometas. Por este motivo, os astrónomos da NASA concluíram que essas nuvens ficariam presas na atmosfera de um dos seus planetas rochosos, caso um ou vários cometas colidissem com a sua superfície. Este planeta sofre assim o mesmo destino que a Terra, durante os primeiros mil milhões de anos após a formação do sistema solar, há 4,6 mil milhões de anos. Nessa altura, os cometas originários da cintura de Kuiper, situada para além de Neptuno, embatiam na superfície da Terra com regularidade.
Sem estes impactos, teorizam os cientistas, não existiria água no nosso planeta.
Talvez os astrónomos tenham observado o primeiro passo para a criação de vida noutros planetas em Eta Corvi. .
Fonte: Focus Magazine

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