Certamente que isto é uma grande parte da nossa dignidade... que possamos conhecer e que, através de nós, a matéria possa conhecer-se a si própria; que, começando com protões e electrões, saídos do princípio dos tempos e da vastidão do espaço, possamos começar a entender; que, organizados como estão em nós, o hidrogénio, o carbono, o nitrogénio, o oxigénio, esses 16 a 21 elementos, a água, a luz do Sol- todos eles, tendo-se transformado em nós, possam começar a entender o que são, e como se tornaram nisso. George Wald (Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia) (1964)

terça-feira, 16 de março de 2010

Um sismo por ano como o do Chile

Rede sismográfica mundial regista em média 20 mil sismos ao ano. Cerca de 150 acima de 6 na escala de Richter.


Primeiro foi o Haiti, depois o Chile e a Turquia. No intervalo de poucas semanas, a terra tremeu violentamente em diferentes regiões do mundo, afastadas entre si por milhares de quilómetros, deixando um rastro de destruição e centenas de milhares de vítimas mortais e de desalojados. Um sismo de grau 6 na escala de Richter abalou a zona de Elazig, no Leste da Turquia, vitimando pelo menos 51 pessoas. A pergunta impõe-se: será que os sismos estão a aumentar?
"Não", diz taxativo o director do Centro de Geofísica D. Luís da Universidade de Lisboa, Miguel Miranda. E explica: "O número de sismos de grande magnitude, desde que há registos, tem-se mantido relativamente estável de ano para ano."
No seu site, a US Geological Survey (USGS), a agência dos Estados Unidos para o estudo da Terra, dá a mesma resposta, na sequência das "muitas solicitações" que lhe chegam "de pessoas de todo o mundo, perguntando se os sismos estão a aumentar", lê-se ali.
"Embora possa parecer que há mais sismos, os de magnitude 7 [na escala de Richter] ou mais têm-se mantido constantes", explica a USGS. Ou seja, os sismos de grande magnitude, acima dos 7 graus na escala de Richter, que são potencialmente mais destruidores, não têm aumentado.
Os registos sismográficos indicam isso mesmo. Se se considerarem, por exemplo, as três últimas décadas, ocorreram em média, anualmente, quase 140 sismos com magnitudes de 6 a 6,9 graus na escala de Richter, 17 com magnitudes de 7 a 7,9 graus e apenas um com mais de 8 graus na mesma escala. E esta tendência tem-se mantido constante. Vale a pena, então, fazer outra pergunta: porque parece haver mais sismos ultimamente?
A USGS adianta uma resposta: "Nos últimos 20 anos tivemos um crescimento substancial no número de sismos que conseguimos localizar, devido ao tremendo aumento no número de estações sismográficas a nível mundial e aos muitos desenvolvimentos nas comunicações globais."
Em 1931 existiam em todo o mundo 350 destas estações, enquanto agora há mais de oito mil. E esta rede global consegue registar em média 20 mil tremores de terra por ano (50 por dia), sendo que a esmagadora maioria não atinge os 6 graus na escala de Richter. Acima deste valor, como já se viu, ocorrem em média pouco mais de centena e meia de abalos sísmicos por ano no mundo.
Para a USGS, esta é também uma questão de maior percepção por parte do público, devido à globalização da comunicação e também a um maior interesse por parte das pessoas em questões ambientais e desastres naturais.
De resto, como explicou ao DN Miguel Miranda, "não há nenhuma aceleração do movimento das placas, nem aumento da actividade sísmica". E sublinha: "Se todos os meses houvesse um sismo como o do Haiti, poderia dizer-se que a actividade sísmica está a aumentar, mas não há nada que indique isso."
Fazendo contas, e confiando na estatística, o grande sismo do ano já ocorreu. Foi o de dia 27 de Fevereiro, no Chile, que atingiu a magnitude de 8,8 na escala de Richter e causou 799 mortos, sendo considerado um dos cinco mais fortes desde que há registos. Mas prever este tipo de fenómenos ainda não é possível à ciência de hoje.
in Diário de Noticias

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