Certamente que isto é uma grande parte da nossa dignidade... que possamos conhecer e que, através de nós, a matéria possa conhecer-se a si própria; que, começando com protões e electrões, saídos do princípio dos tempos e da vastidão do espaço, possamos começar a entender; que, organizados como estão em nós, o hidrogénio, o carbono, o nitrogénio, o oxigénio, esses 16 a 21 elementos, a água, a luz do Sol- todos eles, tendo-se transformado em nós, possam começar a entender o que são, e como se tornaram nisso. George Wald (Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia) (1964)

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Aquecimento ou Arrefecimento?

Afinal, o planeta Terra está a aquecer ou a arrefecer? A pergunta parece disparatada quando a maioria dos estudos científicos aponta para o degelo do Árctico, para o aquecimento global e para causas antropogénicas - o dióxido carbono proveniente das actividades humanas - como explicação para esse aquecimento.





A vida no frio
Há animais - a maioria deles micróbios - que vivem e prosperam permanentemente em ambientes muito hostis para a esmagadora maioria das espécies existentes à face da Terra. A ciência deu-lhes um nome curioso: extremófilos. Vivem dentro de rochas geladas, no fundo dos mares sem luz solar, nas bordas das crateras dos vulcões activos, nas fontes hidrotermais dos leitos dos oceanos, em ambientes extremamente secos, ácidos, alcalinos, salinos, radioactivos ou tóxicos. E nos ambientes frios nem sempre são de dimensões microscópicas. No início de Outubro de 2008, uma equipa de cientistas britânicos e japoneses ficou totalmente surpreendida quando descobriu e filmou, através de um robô-submarino, um cardume de 17 peixes - conhecidos por "pseudoliparis amblystomopsis" - a 7700 metros de profundidade no estreito do Japão, no oceano Pacífico. Esta foi a maior profundidade de sempre a que foram encontrados peixes vivos. O "pseudoliparis" tem um comprimento máximo de 24 centímetros e está adaptado a um ambiente particularmente inóspito: a temperatura não ultrapassa os quatro graus e a pressão da água salgada equivale ao peso de 1600 elefantes sobre o tejadilho de um mini! Deixando os paquidermes e regressando ao mundo microscópico, a descoberta de novas classes de extremófilos na Terra pode aumentar as hipóteses de encontrarmos vida noutros planetas e satélites do Sistema Solar, abrindo os horizontes à Astrobiologia. Em Marte, onde as temperaturas à superfície variam entre os 140 graus negativos e os 20 positivos, poderá ser mais fácil do que julgamos encontrar formas de vida no subsolo gelado (o chamado "permafrost"), apesar de as sondas espaciais até agora enviadas nada terem descoberto. E os 90 graus negativos do oceano de Europa, um dos quatro maiores satélites de Júpiter, talvez não sejam uma barreira intransponível. Em particular se existirem fontes hidrotermais.


Na floresta do norte da Suécia, dentro do Círculo Polar Ártico, a temperatura no Verão desceu 0,3 graus nos últimos 1500 anos, segundo um estudo da Universidade de Estocolmo.    

As opiniões no mundo cientifico, dividem-se.
A Europa estava sob uma camada de gelo. Na Holanda os canais congelaram, na Inglaterra o Tamisa também, de tal forma que os seus habitantes até festejaram mercados sobre a superfície do rio. Até o Báltico congelou totalmente, pelo menos duas vezes. Os Verões foram frios e húmidos e os cereais apodreceram nos campos. O fracasso das colheitas e a fome seguiu-se. Nos Alpes, os glaciares avançaram e destruíram aldeias e campos. Na mesma altura começou a caça às bruxas - era necessário um bode expiatório pela miséria. Mas esta catástrofe climática não foi provocada só, ou, pelo Homem. Foi o Sol que levou a Terra a uma Pequena Era do Gelo. Este é o nome com que os cientistas baptizaram o período de frio que durou entre o século XV até ao XIX. Durante este período, o astro esteve pouco activo, o que se demonstrou pelo pequeno número de manchas solares observadas. Dois períodos particularmente gelados foram o Mínimo de Maunder, que durou entre 1645 e 1715, assim como o Mínimo de Dalton, entre 1790 e 1830. Durante o Mínimo de Maunder, que durou 30 anos, foram observadas apenas 50 manchas solares, no lugar das centenas que seriam normais. Agora, alguns cientistas prevêem uma nova Pequena Era do Gelo. O Sol está a dar sinais de enfraquecimento da sua actividade. No inicio de 2007, o ultimo do ciclo de onze anos terminou, durante o qual a actividade varia e atinge o seu mínimo. Deveria ter começado um novo ciclo, ligado ao regresso das manchas solares. Seria o 24º ciclo, desde que se começou a observação  sistemática do Sol, a meio do século XVIII. Mas quase não foram observadas manchas solares. Em 2009, o Sol esteve 260 dias sem actividade e em 2008 266 dias. Desde 1849 que só houve três anos com pouca pouca actividade solar. Na Terra, o aquecimento global parece ter estagnado. A organização científica  Friends of Science de Calgary, no Canadá, constatou até um arrefecimento. Entre Janeiro de 2002 a Outubro de 2009 a temperatura média global baixou cerca de 0,2 graus,segundo os seus dados. Para o mesmo período de tempo, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas prognosticou um aumento de temperatura em exactamente 0,2 graus. O Sol está no centro da controvérsia.


A vida surge em ambientes inóspitos para a maioria das espécies existentes na Terra, o que aumenta as hipóteses de que seja encontrada nos planetas gelados do sistema solar.
 
 
 
 
O lugar mais frio da Terra
Não, não é na Antárctida que se situa o lugar da Terra onde os termómetros batem todos os recordes (89,4 graus negativos). O campeão indiscutível é o LHC, o novo acelerador de partículas da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), em Genebra. A uma profundidade de 100 metros situa-se o gigantesco túnel de 27 km do acelerador, equipado com um sistema de refrigeração a hélio líquido que é mantido a uma temperatura tão baixa - 271,25 graus negativos - que faz a Antárctida parecer um lugar ameno. Os cientistas do CERN costumam dizer, com um certo orgulho, que este é o local mais frio do Sistema Solar, porque está muito próximo do zero absoluto (273,15 graus negativos), a temperatura mais baixa do Universo, onde as moléculas e os átomos têm a menor quantidade possível de energia térmica. A definição do zero absoluto levou mesmo à criação de uma escala onde não há graus negativos, a escala Kelvin, onde o zero corresponde precisamente aos 273,15 graus negativos da escala Celsius que vulgarmente usamos. Isto significa que a temperatura do sistema de arrefecimento do LHC é de 1,9° K (graus Kelvin). Este recorde da ciência europeia está provisoriamente em suspenso, porque o acelerador sofreu uma avaria e, para decorrerem os trabalhos de reparação, foi necessário colocar o sistema de refrigeração do túnel à temperatura ambiente. Mas a partir de Maio de 2009, a maior máquina do mundo voltará a simular os primeiros momentos do Universo, logo a seguir ao Big Bang. E o seu frio extremo irá permitir que os feixes de partículas lançados no acelerador viajem quase à velocidade da luz sem encontrarem resistência. 
 
Fontes: Jornal Expresso e Revista Focus
                                                                                                 

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